Santa Catarina voltará a exportar carne suína à Rússia depois de quatro anos de embargo

O Ministério da Agricultura informou à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) que a Rússia voltará a comprar carne suína de Santa Catarina depois de quatro anos de embargo. O Ministério da Agricultura deverá fazer o anúncio oficial nesta quarta-feira.

A decisão foi festejada pela agroindústria e veio num momento em que mais de 50 mil toneladas de carne suína estão estocadas no Estado. Até 2005, a Rússia era a maior importadora do setor catarinense.

O embargo russo aconteceu em 2005, quando as exportações de carne suína de Santa Catarina para a Rússia chegaram a 250.000 toneladas por ano, enquanto as exportações brasileiras totalizavam 400.000 toneladas.

O Estado enfrentou dificuldades na abertura de novos mercados em decorrência da lentidão dos países em reconhecer Santa Catarina como detentora de status sanitário máximo, indicando a erradicação da febre aftosa. A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) concedeu esse atestado depois de importantes ações dos serviços públicos de saúde animal, estaduais e federais, e de investimentos do setor privado por meio do Instituto Catarinense de Agropecuária (ICASA), desde 2005.

-- A decisão russa chega num momento de sufoco, quando as agroindústrias detém mais de 50.000 toneladas em estoques somente em território catarinense -- analisa o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, que recebeu a comunicação da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipcs) e do Ministério da Agricultura.

O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, prevê que, agora, poderá começar uma lenta recuperação do setor: os preços praticados com os criadores vão parar de cair e o produto voltar, paulatinamente, a se valorizar. Observou que "será um processo demorado, lento e gradual".

O diretor de mercado interno da Abipcs, Jurandir Machado, disse que a Rússia enviará um veterinário para revisar as fábricas, não sendo necessário missões técnicas, pois as unidades industriais já foram vistoriadas e aprovadas no passado.

SC era o maior exportador do país para a Rússia

Em 2005, a Rússia deixou de comprar carne catarinense, mas continuou importando do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros. Em 2008, as vendas do Brasil para aquele país somaram 225,79 mil toneladas, num total de US$ 741,52 milhões, uma queda de 18,99% em volume e 11,08% em valor, em comparação a igual período de 2007. No ano passado, os gaúchos comercializaram cerca de 80% do total de carne suína para a Rússia.

Considerando todos os mercados (e não apenas a Rússia), as exportações totais de carne suína do Brasil em 2008 atingiram um resultado histórico em valores: o país exportou US$ 1,48 bilhão (crescimento de 20%), chegando a 529,41 mil toneladas, 77 mil toneladas a menos que em 2007.

A redução das vendas externas em volume se deve ao bom desempenho do mercado interno, onde houve uma ampliação do consumo em 2008, e à queda das exportações nos dois últimos meses do ano passado. A crise financeira global afetou fortemente importantes mercados e as exportações para a Rússia limitaram-se a 11,85 mil toneladas em dezembro de 2008, ante 36,62 mil toneladas em dezembro de 2007.