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Sadia deixa analistas irritados durante reunião da Apimec com representantes da agroindústria

Data 31/10/2008 às 14:15
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As perdas da Sadia com operações financeiras cambiais irão continuar, mesmo depois do prejuízo anunciado de R$ 777,4 milhões no trimestre. A empresa ainda tem exposição cambial de US$ 2,4 bilhões. O valor equivale a um ano de exportação e não a seis meses, como fixa política da empresa.

Se todos os contratos tivessem sido quitados em 30 de setembro, eles representariam perdas adicionais de R$ 630,2 milhões. Porém, a empresa fez outras projeções. Caso o dólar feche cotado a R$ 2,20 à época dos vencimentos dos contratos, a perda adicional poderá chegar a R$ 1 bilhão. Se o dólar estiver a R$ 1,95, a perda será de R$ 491 milhões.

A Sadia tem registrado grandes prejuízos porque usou um instrumento financeiro, comum a exportadores, para se proteger contra a oscilação da moeda. A empresa apostava que o real continuaria valorizado, mas, com o fortalecimento repentino do dólar, teve perdas. A notícia de que a Sadia continua descumprindo as regras de sua política financeira - e que tampouco há prazo fixado para voltar a atendê-la- irritou os analistas presentes ontem à reunião da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) com a empresa.

"Queria entender quando vamos ver da Sadia uma política de exposição a risco em que possamos confiar", afirmou Juliana Rozenbaum, analista do Unibanco. "Se [a exposição cambial] será de seis meses, de três meses ou menos. Quando vamos ter uma coisa escrita em pedra, que vai ser observada e exercida?"

Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração, afirmou que a redução da exposição cambial é uma meta sólida e perseguida. Segundo ele, levará até dez meses - o prazo do vencimento dos contratos- para que toda a dívida seja quitada.

Welson Teixeira Júnior, diretor de relações com investidores, no entanto, informou que hoje venceriam US$ 500 milhões em contratos, reduzindo consideravelmente o tamanho da exposição. "O não-pagamento ocorreu porque quando a alta administração tomou conhecimento do desenquadramento [da exposição a seis meses das exportações], ele era tão grave que pontos mais ameaçadores obrigaram sua liquidação", disse Furlan. "Ajuste instantâneo, na turbulência, teria resultado em prejuízos definitivos e no sangramento do caixa."

De acordo com Furlan, com a estratégia adotada, a empresa permaneceu com caixa líquido, adimplente e os danos foram menores. "Estamos desfazendo posições e abertos à negociação", diz ele. "Conforme o comportamento do mercado, muitas vezes o lado mais forte se enfraquece." De todo modo, segundo Teixeira, a empresa já resolveu que não fará mais esse tipo de operação alavancada de câmbio.

A Sadia prevê que suas exportações gerem caixa, no período de vencimento dos contratos cambiais, de R$ 1,5 bilhão se o dólar ficar cotado a R$ 2,20 ou de R$ 750 milhões, se cotado a R$ 1,95. Descontadas as perdas, a empresa teria lucro de R$ 418 milhões ou de R$ 259 milhões, de acordo com a taxa usada. "Se não fosse a alavancagem agressiva, o impacto positivo da receita maior com exportações seria muito mais forte", afirmou Rozenbaum.

As operações da Sadia também resultaram em endividamento maior. Ontem, as ações com direito a voto caíram quase 10%.

Fonte: www.folha.com.br

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