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Casos de influenza batem recorde e governo de SC estuda cenário “padrão pré-pandemia”

Santa Catarina já registrou mais de 1,2 mil hospitalizações em UTI por doenças respiratórias em 2025
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Foto: Reprodução, Freepik
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Entre abril e maio de 2025, Santa Catarina bateu recorde no registro de casos confirmados por influenza. Ao todo, foram registrados 587 casos, contra os 279 e 195, em 2024 e 2023, em ordem. Os números somam um aumento de 201%, segundo dados do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do Sistema Único de Saúde de Santa Catarina (Cieges SC).

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De acordo com o superintendente de Vigilância de Saúde de Santa Catarina, Fábio Gaudenzi, a Secretaria do Estado de Saúde (SES) ainda estuda o aumento dos casos, mas o cenário é preocupante. Segundo Gaudenzi, em conversas entre a SES com especialistas do Brasil e internacionais, a pasta discute a possibilidade de “estarmos retornando ao nosso padrão pré-pandemia”.

O superintendente analisa que, até então, existia um padrão para o mapeamento do vírus, mas que, com a presença do novo coronavírus, a Sars-CoV-2 [vírus da família do coronavírus], isso mudou.

— Antes a gente tinha a variação periódica e previsível de eventos desses vírus bem marcados, digamos assim, bem mapeado para grande parte dos vírus respiratórios, mas com a presença do Sars-CoV-2, tudo isso se modificou. Então, aparentemente, o que nós estamos vivendo esse ano é esse retorno ao padrão normal do vírus, com esse acúmulo de casos, em um período menor de tempo, que causa muitas vezes essa preocupação, tanto da população quanto das autoridades de saúde — explica.

Ainda segundo Gaudenzi, a SES mapeia que o vírus começou a circular de forma mais intensa em abril, quando os casos mais graves começaram, demandando uma maior necessidade da internação e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com o superintendente, isso reflete diretamente na taxa de ocupação dos leitos de UTI, principalmente o adulto, no Estado. Neste sábado, a taxa de ocupação de leitos, em Santa Catarina, estava em 92,8%, com a região de Foz do Rio Itajaí com 100% de ocupação no geral e o Vale do Itajaí com 100% de ocupação nos leitos adulto.

Em Santa Catarina, de acordo com o Cieges SC, dos 5.594 casos confirmados até quarta-feira (4), 1.286 pessoas foram hospitalizadas em UTI devido ao agravamento dos casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma condição em que uma infecção respiratória gera grande dificuldade de respirar e lesões nos alvéolos (sacos de ar nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas). Segundo a SES, os casos e hospitalizações de SRAG agrupam as pessoas que são diagnosticadas com covid-19, influenza, rino, vírus sincicial respiratório (VSR) e outros agentes.

Vacinação e baixa cobertura

Segundo Gaudenzi, a “abertura” da vacinação contra a influenza para todos os públicos ocorreu após a baixa adesão dos grupos prioritários. Ele explica que a SES não espera e nem quer que haja “vacinas sobrando”, nem vacinas paradas, devido à falta desta procura.

— A vacina da influenza não tem o poder de erradicar a doença. Ela acaba sendo um instrumento, como a da Covid, que tem impacto em prevenir formas graves da doença. Talvez você fique menos dias afastado do trabalho, o que também é importante — explica o superintendente.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, até quarta-feira (4), a cobertura vacinal da influenza em Santa Catarina era de 40,57% (1.657.926 doses aplicadas). O Estado permanece acima da média nacional, segundo a SES, sendo a sétima unidade federativa que mais vacinou contra a gripe.

O infectologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), Rodrigo Douglas Rodrigues, alerta que o fator que pode diminuir a busca por vacinação é as pessoas que confundem o que é gripe e resfriado.

— A vacina protege contra a gripe grave, que causa pneumonia, que pode causar a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, que necessita de suporte ventilatório, que pode causar a morte. Então, a vacina vai tirar o agravamento desse quadro. Ao se vacinar contra a influenza, o paciente pode ter um resfriado, mas esse resfriado não vai levar o paciente a óbito, como pode acontecer caso não haja essa vacinação — aponta.

Rastreio de casos em Santa Catarina

Segundo o superintendente Fábio Gaudenzi, é necessário uma analise dos dados divulgados, tendo em vista que na época da Covid-19, por exemplo, o Estado fazia uma vigilância por “notificação universal” (comunicação obrigatória de casos de doenças e agravos). Agora, essas notificações passam por uma transição, na qual a Secretaria de Saúde, as vezes, não consegue ter certeza de todos os dados.

— Será que eu tive menos casos? Ou será que as pessoas não estão mais testando ou notificando? Eu tenho um sistema que me diz, todos os casos, por exemplo, de Covid. Só que não temos essa garantia de que eles estão [todos ali], porque eles dependem desses passos. Dependem da pessoa ser testada e da pessoa ser notificada. Antes, durante o meio da pandemia, qualquer gripe resfriada que a pessoa tinha, ela corria na farmácia, no laboratório, fazia o teste, fazia o diagnóstico, daí era notificada pelos caminhos. E isso foi deixando de ser realizado. Quando as pessoas estão resfriadas, elas não fazem mais o teste, não procuram mais o serviço de saúde, só quando elas agravam — pontua.

Gaudenzi argumenta, ainda, que as vezes a falta de notificações sobre os casos vem da pressão que o sistema de saúde pública vem sofrendo. Segundo o superintendente, as vezes, os profissionais optam por atender mais pacientes e “desafogar” a fila de espera, seja nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

— A gente acaba perdendo casos nessa corrida, digamos assim, da assistência — conclui.

Rodrigo Douglas Rodrigues, infectologista do HU, alerta que é importante que essa notificação seja obrigatória, porque é através dela que o sistema de saúde, como um todo, consegue se organizar e montar estratégias de enfrentamento.

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